Em mais uma moda perigosa, jovens fumam cotonete e se exibem nas redes sociais

Inalar a fumaça do objeto utilizado para higiene pessoal pode causar, por exemplo, sérios problemas nos pulmões.

Não é segredo que as tendências que surgem nas redes sociais se tornam rapidamente populares entre os jovens. Existem vídeos que, apesar de parecerem algo inofensivo, acendem um alerta, como “a nova moda” de fumar cotonetes. Continua depois da publicidade

Começou a circular com mais frequência recentemente nas redes sociais vídeos em que, em sua maioria, jovens acendiam a ponta do cotonete com um isqueiro e inalavam a fumaça.

O objeto, utilizado para higiene pessoal, principalmente na limpeza dos ouvidos, é formado por uma haste plástica e duas pontas de algodão. Apesar de os danos dos dois materiais em conjunto ainda não terem sido mensurados por especialistas, a combustão das substâncias separadamente causa danos à saúde.

“É uma coisa muito recente, então não deu tempo de conduzir estudos científicos mais apurados sobre o assunto. Mas, por princípio, a combustão, que gera a produção de fumos e fumaças, que vão ser inaladas pelos pulmões, sempre é potencialmente danosa, sempre, independentemente do material que vai ser submetido à queima”, diz o médico pneumologista do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, Claudio Luiz Ferraz.

O pneumologista explica que o plástico, quando submetido a combustão, pode liberar substâncias que são comprovadamente danosas e cancerígenas. O algodão, por sua vez, causa uma doença já descrita há muito tempo.

“Existe um histórico de uma doença, a bissinose, que é uma condição causada pela inalação de partículas de fibras de algodão, [que acomete] principalmente trabalhadores da indústria do algodão, e costuma dar sintomas de chiado no peito, falta de ar. Sabemos que as fibras do algodão, quando inaladas, podem ser muito danosas aos pulmões”, conta Ferraz.

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Grupos de risco

Em geral, ninguém deve fumar cotonete, com ênfase em pessoas alérgicas ou que tenham asma ou enfisema pulmonar, por exemplo.

“Essas pessoas, quando expostas à combustão dessas fibras orgânicas, podem ter quadro de broncoespasmo, falta de ar, tosse, chiado no peito e aumento do risco de internação. Então, tanto pessoas alérgicas ou que já têm uma doença pulmonar crônica estão expostas a um risco ao fumar esses cotonetes”, alerta o pneumologista.

Os jovens, o principal público atingido por esses vídeos, devem ter atenção redobrada. Segundo Ferraz, essa faixa etária costuma ter mais alergias respiratórias, como rinite alérgica e asma, por exemplo, condições que podem deixá-los mais expostos a complicações.

“Esses pacientes alérgicos ou com asma vão ter um risco ainda maior de problemas ao fumar esses cotonetes pela exposição, principalmente, à queima do algodão, que pode desencadear uma crise de asma, broncoespasmo e internações”, relata Claudio.

Fonte: R7 / edição: Tribuna de Parnaíba

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