Caso Donizetti Adalto: Djalma Filho é absolvido pelo Tribunal do Júri quase 24 anos após o crime

A sessão foi realizada na 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri, na capital. O ex-vereador e advogado Djalma Filho era acusado de ser o mandante do crime.

O ex-vereador e advogado Djalma Filho, de 63 anos, foi absolvido, pelo Tribunal Popular do Júri, da acusação de ser o mandante do assassinato do jornalista Donizetti Adalto dos Santos. O resultado da votação do Conselho de Sentença foi lido pelo juiz presidente da sessão, Antônio Reis Nollêto, por volta das 21h desta quarta-feira (27). Continua depois da publicidade

O juiz destacou que o Ministério Público pode recorrer da decisão. Na votação, o júri reconheceu a materialidade do crime, mas o ex-vereador não foi considerado autor do fato.

O jornalista foi espancado e morto a tiros no dia 19 de setembro de 1998, no bairro Primavera, Zona Norte de Teresina. O julgamento ocorreu nesta quarta-feira (27), quase 24 anos após o crime, depois de uma série de adiamentos.

Além da acusação que havia contra Djalma Filho, ainda permanecem acusados de envolvimento no crime os motoristas Sérgio Ricardo do Nascimento Silva, Fabrício de Jesus Costa Lima e os policiais civis João Evangelista de Meneses e Ricardo Luís Alvez de Sousa, são acusados de participar e presenciar o crime.

Alegações da defesa

O julgamento teve início por volta das 9h e encerrou após cerca de 12 horas de julgamento. Foram ouvidas seis testemunhas de acusação e defesa, além do ex-vereador. Durante depoimento, ele negou qualquer envolvimento no crime.

“Vossa excelência, eu não tenho nenhuma participação no crime. Vossa excelência está diante de alguém que merece ter o nome recuperado para honrar a minha família e a memória de meu pai”, afirmou o réu durante o julgamento.

Em 1998, Djalma e Donizetti Adalto eram candidatos a deputado estadual e federal, respectivamente, pelo mesmo partido, o PPS. Ele falou sobre a relação na época.

“Nós estávamos em uma parceria que juntava o que eu tinha de credibilidade, que merecia a votação recebida, e ele que tinha algo a trazer para uma campanha, que é a popularidade. Eu digo que essa combinação foi expressiva e bem aceita”, comentou Djalma.

Ele relatou que os dois haviam participado de uma reunião sobre a campanha eleitoral quando ocorreu o crime. Donizetti e Djalma Filho estavam em um carro passando pela Avenida Marechal Castelo Branco, quando um motoqueiro parou o carro. Djalma conduzia o veículo e Donizetti estava no banco de passageiro.

Ele contou que abaixou o vidro do veículo por ter se assustado com a abordagem. Em seguida, ele relatou ter saído do carro correndo. Djalma afirmou ter visto Donizetti saindo do veículo também. Ele disse que foi em direção a outro veículo para não ser baleado.

“Quando eu me afasto do carro e vou para o veículo de Brito, eu tenho como me desvencilhar dos disparos”, disse.

O ex-vereador relatou que levou Donizetti para o pronto-socorro, contudo, o jornalista não resistiu e faleceu.

Julgamento adiado três vezes

A sessão de julgamento foi adiada por três vezes nos últimos seis meses. Na primeira vez que a sessão foi adiada, o acusado alegou que não tinha advogado.

Na segunda, o advogado que assumiu o caso pediu tempo para se inteirar dos autos do processo. Em outra tentativa, no dia 24 de março, a defesa não pode comparecer.

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O julgamento foi marcado mais de 20 anos depois, depois que foram incluídos novos laudos periciais, de análises produzidas ainda em 1998. As análises foram feitas em armas de fogo que teriam sido utilizadas no crime.

A inclusão dos laudos periciais no processo ocorreu a pedido da defesa do ex-vereador Djalma Filho em 2019, e o juiz acolheu parcialmente. Outras solicitações semelhantes por perícias e laudos técnicos já haviam sido feitas antes pela defesa.

De acordo com o laudo, dois projéteis encontrados no corpo de Donizetti Adalto foram disparados por uma das armas analisadas, um revólver calibre 38 da marca Rossi.

Os laudos periciais teriam sido encontrados apenas em 2021. Com a inclusão no processo, o julgamento estava pronto para ser iniciado, 24 anos após o crime.

Por Maria Romero, g1 PI / edição: Tribuna de Parnaíba

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